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Palotinos discutem vida fraterna em comunidade no contexto digital

  • Foto do escritor: Rosinha Martins
    Rosinha Martins
  • 4 de out. de 2024
  • 7 min de leitura

Atualizado: 4 de out. de 2024


“Levando em conta o mundo digital navegamos em ondas virtuais. O uso dos celulares parece ser indissociável da vida da gente. Então a nossa vida tem que ser o barco, o celular o remo e avançaremos para águas mais profundas"

Padres e Irmãos palotinos na capela do Seminário Mãe do Divino Amor, em Curitiba, durante Formação Permanente. Foto: Arquivo Palotino


DA REDAÇÃO


A evolução das tecnologias de comunicação sempre enriqueceu e desafiou a Vida Consagrada e a Igreja como um todo, na missão de propagar a mensagem do Evangelho.  Com o advento da era digital o conceito de comunidade  transcende fronteiras físicas. O convívio social migra para o mundo digital, criando novas formas de relacionamento, seja para enriquecer, seja para desafiar os laços comunitários tradicionais.   


Como equilibrar essas duas realidades, mundo real e mundo virtual, para construir uma vida fraterna autêntica, é a pergunta que os Irmãos e Padres do Apostolado Católico, os Palotinos, da Província São Paulo Apóstolo buscaram responder durante encontro de formação permanente realizado no Seminário Mãe do Divino Amor em Curitiba, PR, sob a assessoria da jornalista e missionária scalabriniana, Irmã Rosa Martins, dos dia 23 a 26 de setembro de 2024.


Os Palotinos aprofundaram as características do mundo digital e como estas afetam e desafiam valores duradouros e fundamentais da Vida Fraterna: o mundo virtual é um ambiente comunitário; os nativos digitais tem uma compreensão nova de mundo; o mundo virtual tende a ser menos empático, sensível e compassivo; os problemas mentais tendem a aumenta com o uso excessivo da internet; o mundo virtual propõe uma mudança da relação hierárquica para uma relação horizontal, circular, democrática e participativa. Pensar o lugar da Vida Consagrada e os desafios que se lhes impõe é urgente.

O superior da Província São Paulo Apóstolo, padre Reinaldo Baggio, natural de Ribeirão Claro, PR, participou do encontro e falou sobre o objetivo do evento. “Nós temos percebido que as mídias sociais são um grande dom para a evangelização, para a difusão do Evangelho. Porém, é uma faca de dois gumes, porque, ao mesmo tempo que ela propicia uma aproximação das pessoas, ainda  que seja online, pode gerar um distanciamento físico daqueles que convivem juntos. A apresentação dessa temática é exatamente para verificar se nós, ao usarmos estes meios, não estamos distanciando entre nós a nossa fraternidade e, de alguma forma,  quebrando de algumas formas nossas relações pessoais”.

 

O Impacto do Mundo Virtual na Vida Comunitária


Segundo Irmã Rosa, é fundamental que a Vida Consagrada compreenda que, além de estarmos numa nova era, aqueles que nascem nela, têm uma outra cabeça, uma outra forma de conceber a vida e os seus movimentos. “Se quisermos manter as nossas instituições e a eficácia da nossa missão, precisaremos entrar ‘em cheio’ neste novo ambiente para compreendê-lo e buscar os benefícios que ele nos oferece para afirmarmos, neste contexto, a nossa identidade. Quer queira quer não, todos nós abraçamos as comunidades digitais e estamos nela, por isso não funcionará, proibirmos presença nas redes. Elas fazem parte da nossa vida e missão como um membro do nosso corpo. É necessário nos educarmos constantemente para usarmos esses meios que podem otimizar nosso tempo, nossos trabalhos em vista da missão”. 


Irmão Fernando Nascimento, natural de Curitiba, PR, missionário no Santuário Nossa Senhora Aparecida e Lar dos Meninos em Presidente Prudente, SP, ressaltou que “o encontro foi muito agradável, porque dinâmico. A Irmã Rosa é muito preparada, nos fez colocações ponderadas, novidades relacionadas ao mundo digital que nos fazem refletir sobre suas influências na vida religiosa comunitária. Os seus conhecimentos teóricos e exemplos de experiências existenciais cotidianas foram de grande valia para mim. A história de um enriquece e inspira o outro também. Este encontro muito nos ajudará tanto na vida comunitária quanto na vida pastoral”.


Oportunidades e desafios na vida comunitária moderna


O desafio da vida comunitária moderna, segundo Irmã Rosa, é encontrar um equilíbrio saudável entre o uso das tecnologias e a manutenção dos laços reais. Para uma vida fraterna autêntica, o mundo real e o virtual devem coexistir de maneira complementar, não excludente. Alcançar um equilíbrio entre ação e contemplação tem sido um verdadeiro desafio na vida consagrada. Quando o ambiente digital interfere nas casas religiosas, esse equilíbrio se torna ainda mais difícil.


Para o padre Anderson Rodrigues Henriques, natural de Arapongas, PR e pároco da Paróquia Santo Antônio, Rancharia, SP, “esse momento formativo veio agregar muito sobre a vida comunitária, no sentido de alertar para, em tempos de virtualidade, voltarmos a viver a realidade. Dizemos que o celular nos aproxima, mas isso pode nos deixar perdidos, inclusive pessoalmente. O senso de pertença, de fraternidade é muito importante para nós. São Vicente Pallotti dizia que podemos usar todos os meios para evangelizar. Mas creio que precisamos nos educar para não nos viciarmos e perdemos a vivência real fraterna, pois o que temos em mãos pode ser uma ferramenta para o bem ou para o mal”.


Irmã Rosa adverte que  “seria um pecado grave e um desvio da nossa identidade, como partícipes da missão da Igreja, abrirmos mão da vida física, do contato, das relações interpessoais, do olho no olho. Corremos o risco, como religiosos de nos tornarmos individualistas, indiferentes, negligentes, com ojeriza de humano real. É interessante que as comunidades religiosas busquem formas criativas de fortalecer os vínculos fraternos de forma física, real. É nas relações interpessoais reais que está o sentido da vida humana em qualquer instituição e na sociedade. E Papa Francisco tem nos admoestado constantemente em suas Cartas, Mensagens e Encíclicas para que busquemos o encontro físico, o diálogo, a escuta, para não nos perdemos e nos distanciarmos daquilo que é nossa missão no mundo como Igreja. O tato, o olfato, a visão, a audição e o paladar são caminhos indispensáveis por onde passa o amor”, afirma.


Natural de Terra Nova, recôncavo baiano e vice-provincial dos Palotinos, padre Cristiano de Jesus, enfatiza que “o tema é relevante pois além de sermos comunicadores, devemos nos comunicar, em primeiro lugar, internamente entre nós, e hoje, é exigido de nós uma comunicação digital com todas as pessoas, neste mundo globalizado. Mas nunca podemos esquecer, como nos lembra Papa Francisco, que a primeira comunicação é a do coração, voltada para  a nossa convivência com o outro, com a alteridade”. Me chamou atenção as gerações da era digital “migrantes e nativos digitais’. Como migrantes temos muito que aprender, saber lidar com estas tecnologias que nos ajudam, mas se não soubermos usar, poderão nos fazer muito mal”.


Padre Carlos Tiago Begnini, natural de Cambé, PR e vigário na mesma cidade, ressaltou que o encontro lhe ajudou a ter conhecimentos que os novos já têm. O encontro foi muito bom e me ajudará muito daqui pra frente, não obstante a minha idade e minhas dificuldades. Será muito valioso para a minha caminhada, a qual agora não posso fazê-la como jovem, mas devagar. Agradeço a Deus por ter colocado a Irmã em minha vida, pois me ajudou a reviver o que é bom e que fará bem para mim e, também, para aqueles que estão ao meu redor”.

 

Vida Fraterna no Século XXI: equilibrar os dois mundos para não perder a humanidade


Ainda de acordo com a Irmã Rosa, na Era Digital, “o papel da Vida Religiosa Consagrada e da Igreja como um todo, é fundamental para a promoção dos valores humanos, da manutenção do equilíbrio entre real e virtual. É tarefa ética e cristã ajudar o mundo a não perder a humanidade e o sentido da vida. Em vista da missão devemos entrar no mundo virtual com os pés fincados na existência. Iniciativas que combinem encontros presenciais com o suporte das redes sociais podem ser a chave para fortalecer a vida fraterna, mantendo a conexão humana no centro”.


Conselheiro Provincial e pároco da Paróquia Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos em São Paulo,  padre José Elias Fadul enfatizou que “o encontro foi muito legal.  Na minha opinião as expectativas foram respondidas. Como síntese pessoal desse encontro, considero que a gente navega. Levando em conta o mundo virtual navegamos em ondas virtuais. O uso dos celulares parece ser indissociável da vida da gente. Então a nossa vida tem que ser o barco, o celular o remo e vamos avançar para águas mais profundas. Como Conselho Provincial precisamos pensar como vamos relacionar as seis promessas palotinas com o uso devido desse portal que nos leva ao mundo virtual. Creio que já temos pista para isso”.

Para o coordenador da equipe formativa provincial, padre José Mouzinho de Souza, natural de Timbiras, MA, o encontro foi muito importante porque  a formação permanente é parte do nosso programa, prioridade das nossas constituições e  porque faz parte do processo de crescimento nosso, de atualização. Precisamos nos atualizar , estarmos antenados a estas temáticas do mundo virtual, inteligência artificial, que toca todos nós como seres humanos e toca nós também como congregação e como Igreja. O maior desafio que nos surge a partir deste encontro é encontrarmos uma maneira de falar com nossos formandos sobre os benefícios e os malefícios do uso excessivos das mídias sociais, trazer para o nosso discurso a importância de estar atento, sermos prudentes uma vez que cada um é responsável pelo próprio caminho levando em conta as orientações que damos como instituição”.


Fr. Jon Eslen Amorim da Silva, 27, natural de Guarulhos, SP, estudante do 4º ano de teologia, considera que o tema trouxe reflexões essenciais sobre como os religiosos palotinos, podem cultivar a fraternidade no contexto atual, caracterizado pela presença constante das redes sociais e da comunicação digital. “Discutimos, inclusive, o uso potencial da inteligência artificial em nossos trabalhos apostólicos. Para mim, que tenho a responsabilidade de administrar a comunicação social da Província, especialmente nas redes sociais e mídias digitais, foi muito esclarecedor entender como podemos integrar nossa vivência comunitária física com a experiência virtual de maneira saudável e equilibrada. Agradeço a Deus por essa valiosa oportunidade de expandir nossos horizontes de compreensão e aprofundar nossos conhecimentos, para que possamos servir melhor à Igreja e ao Povo de Deus”.


Com um olhar para o futuro, a assessora do encontro questionou: “Será que os programas de formação existentes equipam novos candidatos para viver uma Vida Religiosa no mundo online? Como este é um mundo onde até mesmo mulheres e homens religiosos passam uma boa parte de seu tempo, há uma preparação (formação) proporcional para viver sua Vida Religiosa em tal ambiente digital?”


Fonte: RM Notícias

 

 

 


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Sou Rosinha Martins, missionária scalabriniana.

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